quinta-feira, 13 de abril de 2023

O que é a consciência




O que é a consciência


Somos mais do que os nossos olhos podem ver. Somos um corpo que abriga uma alma e possui um espírito. O corpo é que nos mantém em contato com o mundo exterior por meio dos sentidos: a visão, a audição, o tato, o paladar e o olfato. A alma diz respeito a quem somos, nossos sentimentos, nossas emoções, nossa razão, nosso temperamento. E o espírito é a parte mais interior e profunda de nosso ser. É no espírito que acontece a comunhão com Deus.

Nossa consciência faz parte da nossa alma. E ela é tão importante porque nos traz, por assim dizer, a noção do que é certo ou errado. Mesmo um ímpio, que não tenha ainda sido salvo e, portanto, não tem a pessoa do Espírito Santo falando em seu coração, tem a noção do que é correto ou não, justamente por causa de algo que Deus deu a todo homem, todo ser humano: a consciência.

Todos os homens têm esta consciência, que é sensível. Com certeza, já ouviu essa expressão antes: “Mas você não tem consciência?!” Sim, a pessoa tem. Mas ela pode estar enfraquecida, cauterizada, doente, porém ela está lá dentro.
A consciência tem um papel fundamental na vida de todo ser humano, e toda a sua desgraça é exatamente essa grande batalha que ele tem para não ouvir ou não essa lâmpada interior que Deus colocou dentro dele, que é a consciência. Em 1 Timóteo 1.5, diz assim a Escritura: “Ora o intuito da presente admoestação visa ao amor que procede de um coração puro, de consciência boa e de fé sem hipocrisia”.

Esse verso consta da introdução da carta do apóstolo Paulo ao seu filho na fé Timóteo, quando ele afirma que o amor procede não só de um coração puro e de uma fé sem hipocrisia, mas de uma boa consciência. E uma boa consciência tem tudo a ver com a verdade. E como precisamos ser verdadeiros conosco mesmos, com os outros e, acima de tudo, com o Senhor.


Tão interessante essa questão da consciência. Quando percorremos os salmos, vemos muito dessa questão e como isso tinha importância, em especial na relação com Deus. No Salmo 51, vemos Davi após ter cometido adultério com a esposa do capitão de seu exército, Bate-Seba. Sua consciência o acusava.

Esse é um exemplo, digamos, “negativo”, de quando Davi pecou, ainda que, claro, tenha se arrependido. Agora veja um exemplo positivo por assim dizer. É o desabafo de alegria por uma bênção conquistada. Ana, esposa de Elcana e mãe Samuel, era estéril. Até Deus agir em seu favor, quando ela então é agraciada com a bênção da concepção. E após ter gerado Samuel, ela o consagrou ao Senhor e o dedicou ao serviço do templo. E aí ela se derramou diante de Deus (veja 1 Samuel 2).

Se existe, como Paulo menciona, uma “boa consciência”, também há uma “má consciência”, no sentido da falta dela ou de sua deturpação. Mas isso pode ser alterado pelo poder do Espírito Santo. Lembram-se daquele homem que chegou à reunião onde Jesus estava e suas mãos eram secas? Jesus como que diz: “Olha! Não serve!” E Jesus cura aquele homem (Veja Mateus 12.9 a 13).

Assim como a mão de um homem foi tocada pelo poder de Deus, a consciência também pode ser tocada por Ele. Existem pessoas cuja consciência está cauterizada.


A sua consciência pode levá-lo a tomar decisões, seja a de buscar Deus ou a de partir para longe dele, enganando a si mesmo e rumando para outra direção. No Jardim do Éden, quando o homem peca e vê a besteira que fez, ele corre, foge da presença de Deus. O que o fez fugir da presença de Deus? Exatamente a consciência: “Eu errei!” é essa sensibilidade.

Se perdermos a sensibilidade na nossa caminhada com o Senhor, perdemos tudo. Ninguém pode ter paz com a consciência maculada.

Não existe nada mais belo na terra que conhecer Jesus e viver com Ele. Mas, por outro lado, essa sensibilidade leva a ter a vida leve. A vida de Deus em nós!
Deus abençoe!


Por O Tempo Publicado em 23 de junho de 2015 
por PASTOR MÁRCIO VALADÃO

domingo, 26 de fevereiro de 2023

"Os perigos ocultos da ceia do Senhor






"O perigos ocultos da ceia do Senhor: Uma reflexão sobre a importância da prática e dos cuidados necessários"- Por Deivid Willian

"Os perigos ocultos da ceia do Senhor: Uma reflexão sobre a importância da prática e dos cuidados da Igreja."

A Ceia do Senhor é um dos momentos mais significativos e necessário da vida cristã. Ela representa a última refeição que Jesus teve com seus discípulos antes de sua crucificação, e é um lembrete constante do amor sacrificial de Cristo por nós. 

Infelizmente, mesmo que a Ceia do Senhor seja um momento tão importante e glorioso para a vida cristã existem alguns problemas que podem surgir em relação a sua celebração. O apostolo Paulo escrevendo sua carta para a igreja que estava em Corinto trabalhou alguns problemas que julgo ser necessário destacarmos nessa abordagem.

Referência: 1 Coríntios 11.17-34

1. As repreensões do apóstolo Paulo à igreja – v. 17-22

• Paulo acabara de fazer um elogio à igreja (11:2), mas agora a repreende severamente (11:17). As divisões na igreja haviam chegado a proporções alarmantes: além do culto à personalidade em torno de alguns líderes (1:12), agora Paulo mostra que havia também um certo esnobilismo odioso dentro da igreja (11:21), dos ricos em relação aos pobres.

• Os crentes estavam indo à igreja e voltando para casa piores (11:17). Eles estavam desprezando a igreja de Deus e envergonhando os pobres (11:22).

2. A deturpação da Festa do Amor – v. 17-22,33-34
• A festa do Amor era uma refeição que a igreja tinha antes da Ceia do Senhor. Os crentes se reuniam para participar de uma refeição em comum. Ele comiam, bebiam, repartiam, se confraternizavam e depois neste clima de comunhão, eles celebravam a ceia do Senhor.

• A Bíblia fala desta festa em Judas 12. No dia de celebrar-se a Ceia (domingo) servia-se uma refeição completa. Era uma comemoração da última ceia do Senhor, quando os elementos simbólicos eram servidos depois da refeição.

• Além de seguir o exemplo do Salvador, a festa do Amor era para os cristãos ricos uma oportunidade semanal regular para repartir um pouco seus bens materiais com os pobres. Todos traziam alguma coisa para comer na Festa do Ágape, mas proporcionalmente às suas posses. Assim os pobres poderiam participar de uma boa refeição pelo menos uma vez por semana. Depois deste banquete então, eles celebravam a Ceia.

2.1. Eles se ajuntavam para pior – v. 17 – O culto deles não estava centrado nem em Cristo nem no amor ao próximo, mas neles mesmos. Era um culto antropocêntrico. Era um culto do homem para o homem.

2.2. Eles reuniam, mas não havia harmonia no meio de deles – v. 18 – Havia divisões, partidos, cismas entre eles. Eles não tinham uma só alma, um só coração, um só sentimento, e um só propósito. Havia um ajuntamento, mas não comunhão.

2.3. Eles participavam dos elementos da Ceia, mas era a Ceia que eles celebravam – v. 20 – O cerimoniamento é um grande perigo. Deus não se impressiona com os nossos ritos, nossas cerimônias. Ele vê o coração do adorador. Eles celebravam a Ceia, mas para Deus aquilo que faziam não era a Ceia.

2.4. Eles eram esnobes orgulhosos – v. 21 – Os ricos comiam os melhores churrascos e bebiam os melhores vinhos até à embriaguez enquanto os pobres ficavam com fome. Eles feriam a comunhão. Humilhavam os irmãos pobres.

2.5. Eles se entregavam a excessos dentro da igreja de Deus – v. 21 – Enquanto deixavam os pobres passando fome, os ricos comiam, empanturravam-se e embebedavam-se num claro sinal de excesso e de falta de domínio próprio. A glutonaria e bebedeira são obras da carne. Eles se reuniam para pecar.

2.6. Eles desprezavam a igreja de Deus – v. 22 – Eles desprezavam a santidade de Deus, a santidade da igreja e o amor ao próximo.

3. O significado da Ceia do Senhor – v. 23-26

• A Ceia do Senhor está centralizada na obra expiatória de Cristo. Seu corpo foi partido e seu sangue foi vertido para a nossa redenção. O seu sangue é o selo da nova aliança, onde Deus perdoa os nossos os pecados e nos salva da ira vindoura pelos méritos de Cristo.

• A Ceia do Senhor é uma proclamação dramatizada de três verdades essenciais da fé cristã: 

1) Olhando para trás: A morte de Cristo (11:26) – A cruz de Cristo é o centro da mensagem cristã. Não há evangelho sem a cruz de Cristo. Cristo ordenou que sua igreja relembrasse não seus milagres, mas sua morte. Devemos nos lembrar por que ele morreu, como ele morreu, por quem ele morreu. 

2) Olhando para frente – A segunda vinda de Cristo (11:26) – Há um momento de expectativa em toda celebração da Ceia do Senhor. A segunda vinda de Cristo é a grande esperança do cristão num mundo onde o mal tem feito tantos estragos. 

3) Olhando para dentro – O auto-exame – (11:28) – Não somos juizes dos outros, devemos examinar-nos a nós mesmos. Não devemos fugir da Ceia por causa do pecado, mas fugir do pecado por causa da Ceia. Examine-se e coma! 

4) Olhando ao redor – (11:33-34) – Devemos procurar o Senhor e também os nossos irmãos. Devemos encontrar-nos com o Senhor e com os nossos irmãos. Na Ceia os céus e a terra se tocam.

4. Os perigos em relação à Ceia do Senhor – v. 27-32
• Paulo alista alguns perigos com respeito a Ceia do Senhor neste texto:

4.1. Participar da Ceia do Senhor indignamente – v. 27 – João Calvino entende que a nossa dignidade para participarmos da Ceia é a consciência da nossa indignidade. Indigno de participar da Ceia é aquele que assenta-se à mesa do Senhor de forma leviana, irrefletida e despreparada tanto doutrinariamente como comportamentalmente. Essa pessoa será réu do corpo e do sangue do Senhor. Será tido como culpado direto da morte de Cristo. 

O apóstolo Paulo está dizendo que quem participa da Ceia indignamente torna-se culpado de derramar o sangue de Cristo; isto é, coloca-se não do lado dos que estão participando dos benefícios de sua paixão, mas do lado dos que foram culpados por sua crucificação.

4.2. Participar da Ceia do Senhor sem discernimento – v. 28-29 – O crente precisa discernir o Corpo de Cristo partido na cruz – ou seja, a obra da redenção em seu favor e também precisa discernir o Corpo Místico de Cristo, que é a Igreja – A igreja de Corinto não estava amando uns aos outros. Portanto, ela não estava discernindo o corpo. A conseqüência da falta de discernimento do Corpo levou a igreja e comer e beber juízo para si: FRAQUEZA, DOENÇAS E MORTE (11:30).

4.3. Participar da Ceia do Senhor sem auto-julgamento – v. 31-32 – Não podemos ser frouxos conosco mesmos. Não podemos ser condescendentes com os nossos próprios erros. Devemos nos julgar a nós mesmos e nos corrigirmos. Devemos distinguir com clareza quem somos. 

Devemos ter uma correta auto-imagem (Sardes e Laodicéia). O juízo de Deus para o crente não é a perda da salvação nem a condenação eterna, mas a disciplina amorosa. Na vida do crente (fraqueza, doença e morte) podem ser disciplina de Deus para nos afastar de pecados mais terríveis e de consequências mais danosas. A disciplina de Deus visa sempre nos fazer voltar para Ele e nos livrar da condenação do mundo.

fonte "Os perigos ocultos da ceia do Senhor: Uma reflexão sobre a importância da prática e dos cuidados necessários"- Por Deivid Willian (cristianismoymision.blogspot.com)

sexta-feira, 27 de janeiro de 2023

MANIFESTO SOBRE HERMENÊUTICA PENTECOSTAL


 

Fonte: CPADNEWS
Considerando as crescentes discussões acerca da construção de uma Hermenêutica Pentecostal em solo brasileiro, o Conselho de Doutrina e a Comissão de Apologética da Convenção Geral dos Ministros das Igrejas Evangélicas Assembleia de Deus no Brasil (CGADB), atendendo solicitação da Mesa Diretora, vem, em linguagem simples (sem rigor acadêmico), apresentar o seguinte manifesto:

1. DA EXPRESSÃO “HERMENÊUTICA PENTECOSTAL”

Hermenêutica é a ciência e a arte de interpretar textos. É aplicada nas diversas áreas do saber humano. Na área da teologia temos, em um sentido geral, a Hermenêutica Bíblica, cujo objetivo é fixar princípios e normas a serem empregados na interpretação dos livros da Bíblia. Não é una nem mesmo no Cristianismo. As diferentes hermenêuticas ou técnicas de interpretação produzem teologias distintas. Assim como a existência da Teologia Católica e da Teologia Reformada pressupõem a existência de correspondentes métodos de interpretação, a Teologia Pentecostal possui sua própria hermenêutica, a Hermenêutica Pentecostal, que é fundamentada na Palavra de Deus.

Conquanto possa parecer uma discussão nova, há registros de estudos de Hermenêutica Pentecostal desde 1917 na Assembleia de Deus norte-americana, citados na obra "Teologia Sistemática – Uma Perspectiva Pentecostal" (CPAD, 1996. pp.25,653). Ou seja, a expressão Hermenêutica Pentecostal não é novidade alguma no Movimento Pentecostal Clássico.

Por aqui, embora sempre seguissem os mesmos princípios hermenêuticos, nossos pais não se preocuparam com a formatação de métodos científicos para embasar sua interpretação das passagens bíblicas acerca do batismo no Espírito Santo, da evidência inicial e da separabilidade em relação à conversão. O dinamismo da obra pentecostal em solo brasileiro produziu uma cultura essencialmente bíblica, com extraordinários resultados. É certo, contudo, que com o passar dos anos e o crescimento do Movimento Pentecostal, tornou-se necessária não somente a sistematização da teologia, mas uma preparação instrumental para exposição e defesa dos fundamentos da fé pentecostal, campo no qual a hermenêutica se situa com destaque.

Não temos dúvida, portanto, que a Teologia Pentecostal tem e precisa ter sua própria hermenêutica, visto que a leitura que fazemos dos textos sagrados, por mais que perpassem uma base primária comum com as igrejas históricas, difere em muito em pontos fundamentais, especialmente no campo da Pneumatologia.

2. O QUE É HERMENÊUTICA PENTECOSTAL

Nós pentecostais cremos que a revelação canônica se encerrou com os apóstolos e a formação do Novo Testamento (1Co 15.8), por isso nossa fonte de autoridade é unicamente a Bíblia. Tal assertiva, porém, não significa pressupor que Deus não continua falando e se relacionando ativamente com o ser humano. 

Para as Assembleias de Deus e o Movimento Pentecostal como um todo, a suficiência das Escrituras não anula a continuidade das manifestações divinas e as experiências com o Espírito Santo; ou seja, o fechamento do Cânon Sagrado não significa que Deus abandonou suas criaturas e o seu povo, com quem Ele continua a se comunicar inclusive por meio dos dons espirituais (At 2.14-21). Por isso, em nossa hermenêutica, a fonte do conteúdo doutrinário é a própria Palavra de Deus, em sua inteireza. Disso não decorre que a experiência pentecostal deve ser desprezada, pois sentir é uma capacidade inata aprovisionada pelo próprio Criador no homem; e as percepções exercem um papel crucial na assimilação do conhecimento. Embora a experiência pentecostal faça parte do processo, é sempre submetida às Escrituras; tudo sob a dependência e a iluminação do Espírito Santo. Sem nenhuma presunção, nossa hermenêutica é a Hermenêutica do Espírito Santo.

Enquanto técnica, a Hermenêutica Pentecostal serve-se do método histórico-gramatical como base comum em relação à Hermenêutica Reformada, mas não faz o mesmo recorte ou distinção em relação aos textos narrativos – especialmente Lucas e Atos –, subordinando sua interpretação aos textos de Paulo. Cremos que a Escritura interpreta a própria Escritura, mas sem subordinação entre os textos sagrados.

Para nós, pentecostais, as narrativas são didáticas, porque cremos integralmente no que escreveu Paulo a Timóteo: “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino...” (2Tm 3.16-NAA). Se a própria Escritura afirma que toda ela é útil para ensinar, não seríamos nós que faríamos separação entre textos didáticos e não didáticos, supondo que alguns sejam registros de fatos sem mensagem normativa, eficaz e prática para nossos dias. Ademais, temos a autenticação feita pelo próprio Senhor Jesus, assim como fizera com os apóstolos, confirmando a Palavra com sinais (Mc 16.20). De igual forma, Deus nos tem dado a graça de viver os mesmos sinais vividos pelos crentes primitivos, os quais se somam como confirmação da validade e eficácia plena das promessas do Espírito para os nossos dias. Esse é o lugar da experiência na Hermenêutica Pentecostal.

Em outras palavras, para a Hermenêutica Pentecostal o texto de Atos possui valor doutrinário; embasa a doutrina pneumatológica e subsidia sobejamente o entendimento de que o dom do Espírito Santo – o batismo no Espírito Santo com a evidência do falar em línguas; experiência claramente distinta da conversão (At 2.38; 19.1-6) – é atual e plenamente aplicável à vida do cristão em todos os tempos. Ademais, esta foi a mensagem de Pedro no Dia de Pentecostes: “Porque a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos e a todos os que estão longe: a tantos quantos Deus, nosso Senhor, chamar” (At 2.39). Isso não é uma mera narrativa, mas uma mensagem doutrinal, interpretando a profecia de Joel (2.14-39).

3. O QUE NÃO É HERMENÊUTICA PENTECOSTAL

Tendo em vista nossa definição do que é Hermenêutica Pentecostal, é preciso estabelecer com firmeza com o que não comungam os pentecostais clássicos em termos de técnicas de interpretação. Isso é imperativo especialmente diante de métodos hermenêuticos pós-modernos, focados no leitor e não no autor e no texto, e que emprestam à experiência um lugar que a ela não cabe no processo interpretativo. Isso não é Hermenêutica Pentecostal.

De igual forma, a Hermenêutica Pentecostal sadia não é uma negação do método histórico-gramatical. Por outro lado, não é um apego rigoroso e absoluto a esse método, cujo emprego não conduziu a fé reformada à compreensão e crença na atualidade da obra do Espírito Santo, tal qual prometida por Jesus e vivenciada pelos apóstolos e pelas igrejas do Novo Testamento. 

Conquanto se valha de ferramentas da erudição bíblica, a Hermenêutica Pentecostal não flerta com quaisquer das aplicações do método histórico-crítico ou da atual crítica literária e histórica que negam a plena inspiração das Escrituras e a literalidade dos milagres. 

Em síntese: 1) não abraçamos de forma absoluta o método histórico-gramatical (que cria um cânon dentro do cânon); 2) não nos rendemos aos métodos histórico-crítico e pós-modernos, notadamente nos aspectos que buscam fragmentar as Escrituras e negar os milagres; 3) refutamos a teologia narrativa em sua pretensão de desconstrução do texto e de seu sentido, que devem sempre guardar coesão com o contexto histórico e gramatical; 4) não empregamos métodos de interpretação subjetivista, focados no leitor, em detrimento do autor e do texto; 5) consideramos que as experiências devem sempre e necessariamente serem submetidas ao crivo da inspirada e infalível Palavra de Deus; e 6) servimo-nos de ferramentas da erudição bíblica, conscientes de que métodos e técnicas, por melhores que sejam, são humanos e, portanto, imperfeitos e incompletos, pelo que buscamos acima de tudo a iluminação do Espírito Santo (Ef 1.18, 2Pe 1.20).

É o manifesto.

Rio de Janeiro, 05 de abril de 2021.

CONSELHO DE DOUTRINA: Pr. Paulo Roberto Freire da Costa – Presidente; Pr. Antônio Xavier S. Vale – Vice-presidente; Pr. Emanuel Barbosa Martins – Secretário; Pr. Nemias Pereira da Rocha, Pr. José Antônio da Silva Sobrinho, Pr. Ely Batista, Pr. Isaac Pedro da Silva e Pr. José Almir Angewicz (membros).

COMISSÃO DE APOLOGÉTICA: Pr Esequias Soares da Silva – Presidente; Pr. Elinaldo Renovato de Lima – Vice-Presidente; Pr. Silas Rosalino de Queiroz – Secretário; Pr. André Custódio Moreira Junior – Relator; Pr. Erivaldo de Jesus Pinheiro, Pr. Sisaque da Silva Valadares, Pr. José Gonçalves da Costa Gomes, Pr. Eliezer Miranda e Pr. Carlos Eduardo Neres Lourenço (membros).

CONVIDADOS: Pr. Elienai Cabral, primeiro secretário da Mesa Diretora da CGADB e consultor teológico e doutrinário da CPAD; Pr. Douglas Roberto de Almeida Baptista, presidente do Conselho de Educação Religiosa da CGADB; Pr. Alexandre Claudino Coelho (Gerente de Publicações da CPAD) e Pr. Silas Daniel da Silva (Editor-chefe de Jornalismo da CPAD).

quarta-feira, 7 de setembro de 2022

O TEXTO ABAIXO É UMA SUTILEZA DE SATANÁS. UMA "TEÓLOGA" A SERVIÇO DAS TREVAS

O TEXTO ABAIXO É UMA SUTILEZA DE SATANÁS. UMA "TEÓLOGA" A SERVIÇO DAS TREVAS.

Distorcem AS SAGRADAS ESCRITURAS AO SEU BEL PRAZER, HA QUE PONTO CHEGAMOS. LEIA !
 

 


O TEXTO ABAIXO É UMA SUTILEZA DE SATANÁS. UMA "TEÓLOGA" A SERVIÇO DAS TREVAS

A ‘família cristã’ evocada a partir da Bíblia, na verdade, não existe.
Entretanto, a serviço de um regime que favorece homens brancos, cisgêneros e heterossexuais, surgem tradições, dogmas e ideologias de exclusão

No dia 31 de agosto de 2022, foi divulgada uma pesquisa feita pelo site JOTA e pelo Instituto Brasileiro de Pesquisa e Análise de Dados (IBPAD) sobre a opinião dos brasileiros em relação ao casamento homoafetivo. A pesquisa entrevistou cinco mil pessoas e mostrou que 57% delas concordam que homossexuais devem ter esse direito. Ainda de acordo com a pesquisa, 69% dos potenciais eleitores de Lula (PT) e 38% de Jair Bolsonaro (PL) são favoráveis ao casamento igualitário.

Os dados referentes aos eleitores de Bolsonaro não impressionam se pensados a partir de estratégias discursivas de ódio à diversidade que têm sido acionadas desde quando o atual presidente era deputado federal. É possível falar em “estratégias discursivas” nesse contexto porque o que se percebe é que a chamada “pauta de costumes” tem sido um instrumental a serviço do avanço e da manutenção do neoconservadorismo. 


Como disse o Prof. Dr. Michel Gherman, da UFRJ, na palestra “Religião, reacionarismo e espaço público no Brasil” (2022), o bolsonarismo tem um vínculo radical com a estética, e, justamente por isso, lida com questões que estão em nosso imaginário e sentimentos que são despertados através dessas imagens. Uma das mais acionadas é esta, a da família. Mas, não uma família qualquer, a “família tradicional brasileira” e, como tem sido reforçado pela presença pública de Michelle Bolsonaro, a “família evangélica”. 


A noção de família acessa campos simbólicos que nos são constitutivos enquanto sociedade. Falar sobre economia, sobre o decrescimento do PIB, sobre índices inflacionários, pouco comunica para muitas pessoas. Essas são questões que grande parte da sociedade percebe no dia a dia, na hora da compra no supermercado, na hora de pagar as contas. Por isso, quando Jair Bolsonaro, e, mais ultimamente, Michelle Bolsonaro, acionam o conceito de família eles criam um rápido vínculo comunicacional e simbólico. Deste modo, a partir desse tema, levam a política para as casas, para as igrejas, porque estão tratando de uma questão que, por muito tempo, foi considerada como da esfera do privado. Eles criam uma mística de proteção do privado por meio da política – afinal, não é a família apenas, é a segurança da família, é a manutenção da família, é a promessa de que privilégios serão mantidos.

Nesse cenário, famílias homotransafetivas são rechaçadas e a escalada neoconservadora contra a diversidade é acirrada. Comumente, mesmo no campo mais progressista evangélico, a pauta de costumes é considerada como sendo “cortina de fumaça”, ou seja, algo que mascara ou esconde as reais intenções das falas e ações. Entretanto, o que tem se mostrado na prática, principalmente, nos últimos quatro anos, é que a pauta de costumes não é a cortina de fumaça, é a própria fogueira! Os discursos de ódio à diversidade servem como combustível para o acirramento da violência e para a manutenção de um regime quer aniquilar tudo o que não está a serviço do avanço do neoconservadorismo. 

Não à toa, o Brasil continua sendo, de acordo com relatório de 2021 do Grupo Gay da Bahia, o país do mundo onde mais LGBTIA+ são assassinados: uma morte a cada 29 horas. Ainda assim, o lema tão evocado de “pelo amor à família!” tem sido expandido por um sem número de arranjos familiares, dentre eles as famílias homotransafetivas, que abalam a ideia de “família cristã”. 

Mas, afinal, o que é “família cristã”?
A “família cristã” se evocada a partir da Bíblia, na verdade, não existe. A Bíblia mostra diversos tipos de arranjos familiares que desestabilizam qualquer modelo único ou exclusivo de família. Por exemplo, na Bíblia existem algumas narrativas de homens casados com várias mulheres, como Elcana, que tinha duas mulheres, Ana e Penina (cf. 1º Samuel 1, 1-2). Existe, também, o exemplo de Salomão, que tinha setecentas mulheres, princesas, e trezentas concubinas (cf. 1º Reis 11, 3).



O teólogo Tom Hanks, em seu livro “La Diversidad de ‘Familias’ (50) en la Biblia” (2016), apresenta 50 exemplos de arranjos familiares do Antigo e do Novo Testamento. Segundo o autor: “(…) se a palavra “família” não aparece nas línguas originais, que antes falam de “casas” patriarcais, (…) então nossos [modernos] “valores familiares” não encontram base na Bíblia”.

É impossível afirmar que existe um modelo único de família a partir do texto bíblico. Entretanto, a serviço de um regime de exclusão que favorece homens brancos, cisgêneros e heterossexuais, surgem tradições, dogmas e ideologias de exclusão. Essas disputas ideológicas em torno do conceito de família têm se acirrado no cenário político atual, porque esse debate ainda é um dos principais combustíveis que alimentam a fogueira dos privilégio 
Como Michelle Bolsonaro tenta conquistar a mente e o coração das evangélicas

*A autora é essa pessoa a baixo, a qual eu dou o crédito do texto com todo prazer, e você encontra na íntegra no seguinte link:

https://www.cartacapital.com.br/blogs/dialogos-da-fe/a-familia-crista-evocada-a-partir-da-biblia-na-verdade-nao-existe/

*Ana Ester Teóloga queer, doutora e mestra e Ciências da Religião. Clériga ordenada pela Metropolitan Community Church

terça-feira, 2 de agosto de 2022

Visita Pastoral


Visitação pastoral: Tipos e orientações
 



A visita pastoral é uma das ferramentas mais poderosas no exercício do cuidado com as ovelhas que pertencem a Cristo. Os momentos espirituais mais significativos para alguns crentes ocorreram durante o cuidado e atenção que receberam em alguma visita pastoral. A sensação de ser lembrado por alguém que é admirado, a ponto dessa pessoa “abrir um espaço” em sua agenda e para se encontrar com sua ovelha, de fato, comunica uma mensagem que fala diretamente ao coração. Além do mais, ter o pastor ministrando pessoalmente a palavra de Deus ao crente é uma expressão concreta do seu cuidado pelo rebanho. Também, quando nos momentos de angústia e aflição o crente se sente cuidado, seus momentos de deserto e aridez se tornam mais suportáveis. De fato, todo pastor necessita aprender que as pessoas não se importam com o quanto ele sabe até que elas saibam o quanto ele se importa com elas!

Por outro lado, a visita pastoral não é benéfica apenas para quem recebe, mas também para aquele que a pratica. A experiência revela que, inúmeras vezes, aquele que sai para consolar retorna consolado!

Porém, é necessário esclarecer sobre o que estamos falando, pois muitos pastores contabilizam os encontros sociais, os incidentes informais em que “esbarram” em alguma ovelha no supermercado ou algum outro lugar, como visita pastoral. Conquanto esses momentos possam ser significativos, eles não deveriam ser confundidos com o exercício da visitação pastoral. Antes, a visita pastoral consiste naqueles encontros significativos que criam interações espirituais intencionais, os quais ocorrem, mais especificamente, fora dos limites das dependências da igreja. Em outras palavras, “a visita pastoral é o ‘ministério da presença’ que o pastor exerce em relação aos membros e visitantes de sua igreja, estendendo pessoalmente a eles o amor de Jesus”.[1] Essas interações podem ocorrer em residências, locais de trabalho, hospitais, prisões ou em algum outro lugar, segundo a necessidade dos envolvidos. A visitação pastoral pode ser considerada como um “ato de amor”, “discipulado” e “amizade” do pastor em relação às suas ovelhas. Essa prática acaba funcionando como “portas de entrada” nos corações e vidas das pessoas, bem como oportunidades para se estabelecer relacionamento e fortalecer a confiança, o que pode ajudar em várias dimensões do ministério pastoral.

Escrevendo sobre esse assunto, Michael W. Campbel identifica quatro objetivos básicos da visitação pastoral: “fortalecer relacionamentos, edificar espiritualmente, reforçar a conexão do crente com a igreja e praticar a oração com as ovelhas individualmente”.[2] Fica claro, assim, que a visita pastoral é uma interação intencionalmente programada e não meramente alguns encontros ocasionais.[3] Nesse sentido, é importante lembrar que “de todos os profissionais, o pastor é o único com o privilégio e responsabilidade de iniciar o relacionamento com as pessoas no ambiente residencial, o qual é o melhor lugar para a interação humana”.[4]

Algumas pessoas que questionam a validade da visitação pastoral deveriam se lembrar de que o princípio bíblico de “visitar órfãos e viúvas em suas tribulações”, o qual é parte integral da verdadeira religião, é uma exigência para todo crente, especialmente para os pastores (cf. Tg 1.27). Além do mais, a prática da visitação é apresentada na Bíblia como uma expressão concreta de amor e cuidado (cf. Mt 25.37-40, Gn 3.8 e Lc 19.1-10). Mesmo após a queda de Adão e Eva no jardim do Éden, o Senhor continuou a visitá-los com o objetivo de cuidar deles (cf. Gn 3.15).[5] Dessa forma, o ministro que conduz corretamente seu trabalho além da esfera do púlpito realizará dez vezes mais do que aquele que limita o seu trabalho atrás de uma mesa.

Diferentes explicações têm sido apresentadas para a diminuição da prática da visitação pastoral, mas talvez a mais coerente seja a falta de planejamento dos pastores em relação a esse exercício. É verdade que o contexto sociocultural influencia nesse sentido, mas ele não pode ser tomado como definitivo. Franklin Dávila corretamente se posiciona quanto a essa questão, dizendo: “se os cristãos desta sociedade contemporânea não passassem por crises de fé e por lutas espirituais, eu concordaria plenamente com os que se opõem a esse ministério”.[6] Ao que tudo indica, muitos pastores quase não visitam porque não se programam nesse sentido. Alguns pastores parecem satisfeitos em manter um relacionamento superficial com o rebanho, o que resulta em generalizações no púlpito e contribui para eventuais esvaziamentos nos bancos da igreja. Por outro lado, os pastores mais eficientes na prática da visitação não ficam apenas esperando serem convidados por suas ovelhas, mas desenvolvem estratégias proativas para alcançá-las. Em sua experiência ministerial, Franklin Dávila desenvolveu um método interessante e recomenda os jovens pastores a que façam algo semelhante. Segundo ele, “é importante que o pastor tenha uma agenda e, em acordo com os irmãos, deixe que eles marquem nela o dia e a hora para a visita”.[7] Com isso, não apenas o pastor, mas também os membros da igreja acabam participando do planejamento.

Quanto à natureza da visita pastoral, é possível distinguir três categorias comuns e extremamente relevantes no cuidado com o rebanho. Primeiro, há a visita preventiva ou regular, que ocorre ordinariamente e deve ser realizada sem que haja algum problema específico, sendo útil para manter o contato entre pastor e ovelhas. Segundo o pastor Franklin, “esse tipo de visita é importante, porque dará ao visitador a oportunidade de conversar, tirar dúvidas, esclarecer pontos e, ainda que não possam aquilatar os resultados, muita coisa pode ser evitada no futuro por causa desse encontro”.[8] Também há a visita curativa ou terapêutica, que é aquela visita extraordinária, na qual o pastor se dirige a alguém que está necessitado da sua presença, conselhos e cuidado específico. Franklin explica que a motivação dessa visita é a necessidade da ovelha, ou seja, “a ovelha está precisando ser visitada por estar enfrentando alguma dificuldade. Necessita ser assistida, sarada e fortalecida”.[9] Nesses casos podem ser incluídas as visitas a enfermos (casas ou hospitais), aos enlutados ou visitas a famílias em crise. O objetivo é sempre apresentar o remédio da palavra de Deus ao coração sofrido. Por último, há a visita corretiva ou reparadora, na qual algum problema moral, relacional ou de crença deverá ser abordado. O objetivo dessa visita é cuidar para que o erro não se propague no Corpo a ponto de contaminar outros. Alguns pastores se limitam a zelar pela correção apenas do púlpito, mas o discipulado e a admoestação pessoal, ainda que mais difíceis, podem também ser qualitativamente mais benéficos. O elemento unificador desses três tipos de visitação é a intencionalidade com a qual elas são desenvolvidas. Em outras palavras, não se trata de “encontros acidentais”.

Um assunto espinhoso em relação à visitação pastoral é o aspecto ético a ser observado pelos praticantes dela. Por desconsiderarem essa questão, alguns obreiros acabam causando mais males do que bem ao Corpo de Cristo e outros até se envolvem em casos escandalosos. Para que o objetivo da edificação seja atingido, é necessário agir com prudência nessa prática. A esse respeito, o pastor sábio sempre evitará visitar alguém do sexo oposto quando estiver desacompanhado, especialmente em se tratando de mulher casada, se o marido dela não estiver presente. Há que se fugir não apenas do mal, mas também da aparência do mal. Também, é importante que o visitador não permita que a conversa se desenvolva sobre a vida de alguém que não esteja presente para se defender ou prestar esclarecimentos. Muitos intrigas e dissentimentos são alimentados quando isso ocorre. Nenhum pastor precisa saber sobre a vida de alguém por meio da narrativa de outros. Finalmente, o pastor deve cuidar para não usar os casos e as particularidades da vida doméstica de suas ovelhas no púlpito, como “ilustrações de sermão”. Enfim, se o pastor não cuidar dessas questões éticas, “não demorará muito e logo todas as casas estarão fechadas para ele”.[10]

Finalmente, é necessário considerar o que deve ser feito na visita pastoral, ou seja, como deve ser o seu modus operandi. Embora não exista nenhuma norma específica para esse processo, alguns princípios gerais podem ser observados. Por exemplo, uma das primeiras coisas a serem feitas é a preparação do pastor para a visita a ser realizada. Em um artigo sobre esse assunto, David Murray diz que se prepara para visitação pastoral com alguns minutos de oração em prol da família a ser visitada, bem como do assunto a ser abordado naquele evento.[11] Feito isso, ao chegar ao local, creio ser importante o pastor esclarecer às pessoas quanto tempo sua visita durará. Alguns parecem não perceber que a visita longa pode ser extremamente inconveniente para suas ovelhas, que possuem outras atividades (interações em família, estudados, atividades profissionais etc.). O estabelecimento inicial de um período ajuda até na atenção a ser dedicada pelas ovelhas ao ministro e ao que ele tem para ensinar.

Além disso, Murray sugere que os quinze minutos iniciais sejam dedicados ao diálogo sobre o que tem acontecido na vida da família, coisas sobre o trabalho, criação de filhos, escola e assim por diante. Se há algum acontecimento importante no âmbito nacional ou local, ele também inclui o assunto como parte da conversação inicial. O cuidado a ser tomado nesse sentido é quanto ao perigo de se perder em meio a algum assunto interessante e esquecer o propósito “espiritual” da visita. Por isso, retomar o assunto para a conversação sobre as questões espirituais é o terceiro passo a ser observado.

Uma sugestão muito prática feita por Franklin Dávila é que o pastor evite “monopolizar” a conversação. Um dos objetivos da visita é conhecer melhor suas ovelhas e se o pastor não permite que as pessoas nesse momento emitam suas opiniões e expressem suas dúvidas, esse alvo não será atingido. Quanto a isso, Franklin nos lembra que “as palavras pastorais ditas numa visita podem germinar para o bem ou para o mal. Podem abater os espíritos ou abater as almas… Se não tivermos uma boa palavra para o momento é melhor ficar em silêncio. Jamais seremos punidos se ficarmos em silêncio”. [12] Portanto, sensatez e juízo crítico são bem-vindos nesses momentos.

Há ocasiões em que o processo de direcionar a conversa para questões espirituais pode ser fácil, especialmente dependendo da necessidade ou maturidade da pessoa visitada. Porém, há outras situações em que esse enfoque poder ser muito difícil e isso ocorre nos casos em que a pessoa visitada insiste em permanecer conversando sobre as questões triviais da vida. Se o pastor não atentar para essa armadilha ele pode usar o tempo dedicado à visita em interações que não resultarão no progresso espiritual de suas ovelhas. A fim de retomar o interesse espiritual da visita, David Murray sugere que, se necessário, o pastor intervenha com algumas perguntas como:

Há alguma coisa pela qual você gostaria que eu orasse?
Qual porção da Bíblia você tem lido ultimamente? Alguma coisa que lhe chamou mais a atenção?
Quais as dificuldades que você tem tido em sua leitura bíblica?
Há algum assunto que você gostaria que fosse abordado em um sermão dominical?
Você tem sido ajudado por algum sermão em particular? Sobre o que ele dizia respeito?
Você tem lido boa literatura cristã ultimamente?
Quais dons espirituais você acredita ter recebido do Senhor? Como você acredita poder exercitá-los em nossa igreja?
O que as crianças estão aprendendo na Escola Dominical?
A lista de Murray inclui outros tópicos, mas o resumo acima é suficiente para ilustrar como apenas uma pergunta pode ser suficiente para direcionar a conversa para o propósito da interação que deve ocorrer em uma visita pastoral.

Em quinto lugar, o pastor deve abrir as Escrituras e compartilhar de maneira rápida e objetiva alguma passagem que seja relevante à situação da família (ou pessoa) visitada. A instrução bíblica não é opcional, mas uma parte inegociável da visita pastoral. Esse é o elemento da visita que provavelmente somente ele poderá realizar com sabedoria e autoridade. Se ele se esquece ou omite essa prática na visita, a mensagem comunicada é que a interação foi mais importante do que a edificação. A melhor maneira de se observar essa prática é fazer “anotações mentais” durante a conversação a fim de selecionar uma passagem bíblica que melhor se aplique à realidade da pessoa visitada. Lido o texto, ele pode até perguntar às crianças (se existir alguma) sobre o que entenderam sobre o texto lido, pois essa é uma boa maneira de engajá-las no estudo bíblico e, também, observar o quanto seus pais têm conversado com elas sobre a Palavra de Deus.

Finalmente, conclua a visita com uma oração pelos assuntos conversados durante ela. O derramar de nossos desejos e preocupações diante do Senhor, além de ser um exercício devocional, também é pedagógico, pois o pastor poderá ensinar suas ovelhas a apresentar “tudo a Deus em oração”. Ao fazer isso, o obreiro estará, paralelamente, dando provas concretas do quanto ele ouviu com atenção tudo o que suas ovelhas lhe disseram durante aqueles minutos de interação.

Em havendo oportunidade, é importante que o pastor deixe alguma literatura que poderá ser útil aos visitados. Além de demonstrar carinho por meio desse ato, ele contribui para a instrução espiritual por meio de boas obras literárias.

Outras sugestões poderiam ser oferecidas quanto a algumas visitas específicas em hospitais ou prisões, mas isso demandaria outro artigo. Para o propósito dessa pequena reflexão, creio que o que foi abordado tenha sido suficiente.

[1] NWAOMAH, Evans N. e DUBE, Sikhumbuzo. Pastoral visitation as a veritable tool in strengthening family relationships. Insight: Journal of Religious Studies 2008, p. 126
[2] CAMPBEL, Michael W. The art of pastoral visitation. Ministry: International Journal for Pastors, 85, number 7 (July 2013): 18.
[3] JACKSON, E. N. Calling and visitation pastoral. Em HUNTER, R. J., ed. Dictionary of pastoral care and counseling. Abington Press: Nashville, TN, 1990, p. 115
[4] Ibid., 126
[5] JAMIESON, Robert, FAUSSET, A. R. e BROWN, David. A commentary, critical and explanatory on the Old and New Testament. Oak Harbor, WA: Logos Research Systems, Inc. 1997, Gênesis 3.8
[6] DÁVILA, Franklin. Visitação pastoral. Aracaju, SE: Primeira Igreja Presbiteriana de Aracaju, 2005, p. 8
[7] Ibid., p. 21
[8] Ibid., p. 9
[9] Ibid., p. 9
[10] Ibid., p. 22
[11] MURRAY, David. A “normal” pastoral visit. Disponível em: http://headhearthand.org/blog/2010/06/01/a-normal-pastoral-visit/. Acesso em 29.11.2019.
[12] DÁVILA, Visitação, p. 26

Por: Valdeci Santos. © Voltemos ao Evangelho. Website: 2020 voltemosaoevangelho.com. Todos os direitos reservados. Original: Visitação pastoral: Tipos e orientações.

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AUTOR Valdeci Santos.
Bacharel em teologia pelo Seminário Presbiteriano do Sul – Extensão de Goiânia (B.Th., 1988), mestre em Teologia Sistemática (Th.M, 1997) e doutorado em Estudos Interculturais pelo Reformed Theological Seminary (Ph.D., 2001). Em 2011 concluiu seus estudos pós doutorais em Aconselhamento Bíblico pela Christian Counseling Educational Foundation – CCEF. Atualmente é Secretário Geral de Apoio Pastoral da IPB e Vice-diretor do CPAJ.